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19 de fevereiro de 2025

Jogo das Estrelas 2025: Reynan, o jovem e sonhador capitão da Tropa do Rey

Com a consciência de uma pessoa que carrega mais maturidade do que sua idade e com objetivo de levar tranquilidade para sua família, Reynan Gabriel, que acaba de completar 21 anos, vai para o Jogo das Estrelas pronto para trazer o título inédito para o time NBB Jovens Estrelas e mostra que, para ser um bom capitão, é preciso ouvir e perceber as necessidades do grupo. O ala-armador, que está fazendo sucesso com o Pinheiros na temporada 2024/25, será o mais jovem a capitanear um time no maior evento festivo do esporte nacional e contou dos sonhos que já realizou e os próximos que quer alcançar.

Certamente, quando se é jovem, muitos sonhos se passam na cabeça, ainda mais quando há um reconhecimento e valorização de suas capacidades. Com uma cabeça focada em aprender cada vez mais sobre basquete e dar atenção a seus fãs, não há dúvidas de que Reynan será um dos principais nomes do basquete brasileiro, isso se já não estiver nesse posto na atualidade. O garoto que tomou gosto pela modalidade brincando no projeto social ‘Sonhando Alto’, de sua cidade natal, Araraquara (SP), já atravessou o Atlântico e brilhou na Overtime Elite, nos Estados Unidos. Agora justifica o nome do projeto e sonha em jogar nos grandes centros, seja América do Norte ou Europa.

Venceu duas vezes o NBB CAIXA e uma Copa Super 8 com o Sesi Franca. Mas, não está por satisfeito. Tem fome de mais conquistas e conta com os ensinamentos de Vitor Galvani, técnico que o trouxe para o Pinheiros e já tem uma longa relação nas seleções de base, para buscar novas conquistas e projeções mais altas. Curiosamente, seu mentor será seu adversário na semifinal do torneio, já que comanda o time Georginho (NBB Brasil). Quem vencer encara o vencedor do confronto anterior entre time Jhonatan (NBB Brasil) e time Bennett (NBB Mundo). O Jogo das Estrelas 2025 acontece nos dias 21 e 22 de março, na Arena UniBH, em Belo Horizonte.

Reynan teve contato com o basquete há questão de doze anos no interior de São Paulo. “Comecei a praticar o esporte com nove anos. Foi no projeto social da minha cidade, em Araraquara, projeto Sonhando Alto. Eu comecei lá com nove anos e só ia para brincar, era uma coisa para me afastar das ruas, um esporte para fazer. Parei. Depois de um tempo, um ano mais ou menos, voltei por conta de muitos motivos. Voltei e percebi que eu tinha habilidade, percebi que pegava as coisas facilmente, já conseguia fazer bandeja mais rápido do que outras pessoas. Fui tomando gosto com o esporte e o Guilherme Camargo, que foi meu treinador até os 15 anos, antes de eu ir para Franca, acreditou em mim, me ajudou bastante a acreditar que eu poderia virar um jogador.”

Reynan, no Sesi Franca, e Gui Abreu, do Pinheiros. Foto: Arquivo

Então, o garoto se deslocou mais 180 km ao norte do estado de São Paulo para desembarcar em Franca, para o tradicional time da Capital do Basquete. Jogou três edições de Liga de Desenvolvimento de Basquete com o Sesi Franca e ganhou sua primeira oportunidade no time principal na temporada 2020/21. Foi um breve momento, mas que foi importante para Reynan. “O primeiro sonho era jogar no adulto, jogar no NBB CAIXA era um sonho. Quando soube que eu iria para Franca, que eu aprendi um pouco mais sobre o esporte. Eu olhava o NBB CAIXA e era o meu sonho jogar aqui. Fui para lá, tinha um objetivo de jogar no adulto o mais rápido possível. Treinei e escutei bastante até chegar o meu momento. Soube aproveitar o meu momento em Franca e, a partir do primeiro jogo, comecei a participar mais dos treinos do adulto. Várias pessoas, muitos atletas, a comissão técnica conversava comigo, falava como que era, o que eu tinha que melhorar. Sempre fui muito de escutar e tentar colocar isso no meu jogo, é uma coisa que aprendi desde cedo.”

Esse foi apenas o primeiro grande passo dado em uma jornada que só se tornaria ainda mais intensa nas temporadas seguintes. Atuou em 12 jogos na temporada 2021/22, ano do primeiro título do Sesi Franca do NBB CAIXA, e ganhou mais oportunidades e minutagem na temporada seguinte, aparecendo em 43 partidas da campanha do bicampeonato, além de faturar a Copa Super 8 e a Basketball Champions League Américas. “A conquista passa sempre pela minha cabeça, não gosto de perder nada. Sonho em ser campeão, sonho em conquistar um título e eu sei o quão bom é, porque, em Franca, conquistamos vários títulos e é sempre bom conquistar. Mesmo sabendo que no próximo ano terão outros times querendo tirar esse título e você terá de lutar de novo para ganhar, tive essa experiência e é muito bom ganhar.”

Reynan, no Sesi Franca. Foto: Arquivo

Nesse momento da história, em paralelo, é preciso pontuar a importância que Vitor Galvani, hoje seu treinador no Pinheiros, teve no caminho de Reynan, principalmente falando em termos de seleção de base. “Deu muito certo de escutar as pessoas mais experientes e com isso eu fui para a seleção, minha primeira convocação sub-17, na Venezuela. Ali tinha o objetivo de ganhar, de ser campeão, era o objetivo da equipe e o objetivo do Galvani. Mas não só isso, era aproveitar também o momento, nunca tinha saído do país, era tudo novo para mim. Soubemos curtir o momento e evoluir, foi isso que aconteceu em todas as seleções que eu fui com o Galvani. Nessa vez, o Brasil foi campeão e fui o MVP. Foi a primeira conquista, como jogador você pensa em várias coisas e quando vem uma coisa pessoal para você é bem gratificante também. Assim foi na Seleção sub-18 e 19. Peguei muita experiência nas Seleções, foi muito importante para minha vida e para minha carreira. Depois disso, na última seleção que teve, tinha alguns olheiros da Overtime e eles foram assistir os jogos do Mundial na Hungria. Acabamos perdendo para Argentina, foi a pior dor que eu senti na vida como atleta, porque era Mundial, estávamos empolgados, queríamos ganhar, sonhávamos alto, estava todo mundo pronto para bater, pronto para agir e acabamos perdendo para a Argentina. Tínhamos sido campeão em cima deles, foi a pior dor que eu tive como atleta. Passei dias e dias chorando. Mas tem coisas que acontecem que não dá para mudar”, relembrou o atleta.

De cria francana e promissor prospecto no basquete brasileiro, Reynan passou a ser considerado persona non grata na cidade em seu momento de despedida. Mas cada lado seguiu prosperando de forma distinta, o Sesi Franca conquistou o tricampeonato seguido no NBB CAIXA e Reynan foi atrás do American Dream, o sonho de mostrar seu basquete no lugar mais cobiçado do mundo. Participou por nove meses da Overtime Elite, pelo Cold Hearts e chegou à semifinal. “Ir para os Estados Unidos era um sonho de criança, é sonho de muita gente. Conquistei isso graças ao esporte. E não só isso. Consegui levar a minha mãe para lá também. Fui para os Estados Unidos, fiquei nove meses lá, aprendi muita coisa, conversei com jogadores da NBA e com treinadores. Aprendi mais inglês, aprendi uma nova cultura. Para mim, a Overtime foi aprendizado. Eu aprendi muito, muito, muito lá.”

O ala-armador explica que, passado a experiência próximo da elite mundial do basquete, voltou mais maduro e pronto para desfrutar de seu melhor momento na carreira. “Aprendi muito lá. Vim para o Pinheiros, é o que vocês estão vendo agora. Graças a Deus, está dando certo junto com o Galvani e junto com essa equipe jovem, como sou jovem também, nós já nos entendemos de primeira. É muito bom estar aqui, brincando com todo mundo, fazendo as coisas sérias quando tem que fazer também. Estou me sentindo bem. Claro que tem coisas que preciso melhorar sempre, mas é um momento que eu estou me sentindo bem, à vontade, com mais maturidade e aprendendo com meus erros mais facilmente. Sinto que, quando erro, mesmo sendo o pior erro possível, aprendo com ele. Então, em tudo é o meu melhor momento em questão de maturidade e de profissionalismo, sim.”

Na atual temporada, os números comprovam o bom momento do camisa 29 do Pinheiros. Até a parada para a janela FIBA de fevereiro, Reynan, que tinha média de menos de dez minutos em quadra na temporada de despedida, saltou para mais de 28 minutos nos 20 jogos que fez. Está empatado com Sloan na média de pontuação (17,4), sendo os dois líderes com folga do time azul e preto. É o terceiro do time em rebotes (4,9), o quarto em assistências (2,3) e o segundo em eficiência (13,2). Para se ter uma ideia do nível de basquete que está apresentando, é o primeiro brasileiro no quesito de pontuação de todo NBB CAIXA, atrás de Brite, Cook, Barnes e Sloan apenas.

Dentro de seus sonhos passa mais conquistas no principal campeonato de basquete do País. Mas sua maturidade faz entender que o momento é de pés no chão. “Nós sonhamos e também aprendemos mais no processo. Talvez, hoje, esteja mais focado no nosso processo e, com certeza, depois, com fé em Deus, vem o título do NBB CAIXA.” No entanto, não é o único desejo de Reynan. “Quero jogar na NBA, quero jogar na Europa. Eu quero evoluir muito mais como jogador e ajudar a minha família, viver em paz junto com eles, jogando basquete, fazendo o que eu mais amo.”

Contudo, tem aspirações que já passaram pela cabeça do jovem de 21 anos e que estão se concretizando, como ser o mais jovem capitão do Jogo das Estrelas. “Realizei meu sonho de ser capitão dos Jogos das Estrelas, tinha isso como uma meta, um sonho a alcançar, conquistei também. Claro, tem a responsabilidade, acho que lido com isso muito bem, sou um cara que escuta, sou um cara que fala. Tem uns momentos que eu, dentro do time mesmo, falo um pouco mais bravo, um momento que eu estou um pouco mais calmo, porque eu sei que estão bravos. É saber esses momentos da equipe, tem uma responsabilidade grande de ser o capitão. Mas, estou muito feliz, porque sei que, independentemente dos resultados, pode ter certeza, estarei realizando um sonho de estar lá. Eu lembro da primeira vez que eu fui, que foi no time do Mãozinha, e não era tão experiente ainda. Mesmo fazendo coisas boas, não tinha uma maturidade e sinto que eu melhorei nisso. Pode ter certeza que eu vou estar ali com o time, vou participar, eu vou ajudar qualquer coisa e receber ajuda também. Acho que isso que um capitão é, assumir a responsabilidade, ajudar os companheiros, falar e ouvir e curtir o momento.”

Reynan, na atual temporada, já com a camisa do Pinheiros. Foto: Ricardo Bufolin/ECP

Capitão da Tropa do Rey, esse será o posto ocupado por Reynan perante aqueles que ele trouxe para si na sua legião. “As pessoas que me admiram, tenho o maior carinho, porque lembro que nessa época que comecei a gostar de basquete, admirava muito os caras e admiro até hoje. Na época, lembro que foram Paulistano/CORPe e Bauru Basket jogar em Araraquara e era a época do Iago, foi uma final com Alex Garcia. Olhava aqueles caras e tentava chegar perto deles, era um tumulto. Teve uma vez que, voltando dos Estados Unidos, marquei de fazer um racha na quadrinha de Balneário Camboriú, só postei no meu Instagram e falei que iria. Na hora que eu cheguei, tinha um monte de gente para me ver, fiz um racha lá com todo mundo, foi muito bom. Perdi uma, o meu time perdeu uma, mas ganhamos quase todas. E esse momento foi uns dos momentos mais especiais para mim, porque fiz em Araraquara também. Você ver a molecada ali e poder ajudar, fico muito grato por isso. Foi aí que eu decidi, Tropa do Rey, vou lançar o meu canal chamado Tropa do Rey. Fiz a transmissão no Instagram e surgiu a Tropa do Rey. Coloquei e já subiu para mil, depois, dois mil e ficou assim. O maior carinho que eu tenho são com meus fãs e tenho certeza que vai ter uma tropa lá no Jogo das Estrelas.”

Já que a Tropa estará em peso, é preciso estar bem arrumado para comandar com estilo e, porque não, mostrando outras habilidades. “Estou planejando muitas coisas na real, mas tem que estar bonitão, capitão… Não sei o que eu vou fazer ainda, mas tem que estar nos kits, porque já sou bonitão, tem que ficar ainda mais. Foi muito bom o Jogo das Estrelas que estive, festivo, tem muita coisa para você curtir. Lembro que eu cheguei no hotel, tinha uma festa e estava o Bigão e o Zuluzão, que eles fazem rim e sou viciado em rima também, eu sei fazer uns sons. Os vi pela primeira vez, já fiquei maluco, falei: ‘vamos tirar uma foto’. Conversei com os caras e isso aconteceu nos três dias. Sempre olhava e tinha alguém que eu curtia. E nos jogos foi um momento muito especial, a torcida está ali para ver o show acontecer. Estamos lá brincando, estamos jogando sério, mas estamos ali, zoando ao mesmo tempo. É um momento bem especial. Levo o Jogo das Estrelas no coração, porque foi um momento bem especial, um momento de curtir, de relaxar ao mesmo tempo fazendo o que você ama.”

Reparou no que Reynan falou? É viciado em rima! “Eu tenho umas músicas. Qualquer dia eu vou lançar. Tem uma que eu não lancei em plataformas, mas está no meu Instagram. Mas eu tenho um arquivo no WhatsApp, só de rima, que eu faço quando estou moscando em casa, estou me recuperando, começo a fazer rimas. Boa ideia. Não tinha pensado nisso (preparar uma apresentação para o Jogo das Estrelas). Fazer um som, talvez”, deixou no ar.

O que não pode faltar para Reynan no Jogo das Estrelas, ainda mais se tratando de uma festa, é o som. “Música eu curto muito, sou viciado em música e tenho certeza que as músicas que gosto são as músicas que os Jovens Estrelas gostam, então está tudo certo com uma caixinha e curtir o som. Tem que ter um MC Tutu, Negão Original, tem que ter os funks. Só que estou pensando em uns mais old school, lá da gringa, um Nass… Tem de tudo, playlist está lotada.”

Reynan falou de sonhos futuros, de sonhos que estão se concretizando com o Jogo das Estrelas e explicou momentos que talvez não tivesse sonhado nem quando tinha nove anos, lá em Araraquara. “Tenho dois lances de dunk, um lance foi em Franca, quando eu jogava no Sesi Franca e contra o Caxias do Sul Basquete, se eu não me engano. O David Jackson dá um tapa na bola, saio correndo e puxo uma dunk de esquerda. Foi top. A outra foi contra o Caxias também, lá no Sul, saio de um bloqueio para a direita, faço o S e vou para a esquerda e já subo na dunk. Mais recente, foram as bolas de três contra o São Paulo, não tem como não falar, foram oito de nove. Estava quente naquele jogo, lembro que estava matando um monte de bola, falava ‘hoje é meu dia’ e caía. Lembro que, quando cheguei em casa, liguei para minha mãe e para minha irmã, elas falando e minha mãe não tinha assistido o jogo. Falei: ‘Mãe, matei muita bola de três’. Aquele dia até agradeci a Deus, porque senti a presença Dele, aquele dia foi um dia muito importante para mim. Logo depois, percebi isso também quando conversei com a minha família. Então, foi um momento especial.”

Dessa forma sonhadora, Reynan mostra a importância de visualizar coisas grandiosas para um futuro brilhante. Todavia, também mostra que não basta sonhar, é preciso batalhar e se empenhar ao máximo. Nem sempre será possível ter a maior recompensa, porém, se tiver forças, haverá outro dia e outras formas de continuar brilhando.

O Jogo das Estrelas 2025 é um evento organizado pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, parceria oficial do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais de Copasa e Governo de Minas, Penalty e Valmont, patrocínios Paraty Energia, Blink e Tereos – Açúcar Guarani e apoio da Lei de Incentivo ao esporte e Governo Federal.

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